Nasceu em 1963. Pessoa reservada, trabalha em silêncio. Concluiu o ensino médio em Peçanha e o curso superior de Geografia pela PUC/MG em Teófilo Otoni e, posteriormente, em Guanhães.
Filho de família numerosa – oito irmãos, herdou do pai, o alfaiate José Clementino, a discrição e de D. Dunalva o interesse pela arte. A mãe e todos os irmãos tocavam violão. Desse convívio vem o apreço pela boa música popular brasileira, com preferência pelo som da década de 80, que o acompanha em suas horas de lazer.
Da infância recorda-se das inúmeras brincadeiras nas ruas e dos auditórios culturais nas escolas, que ocorriam em datas comemorativas: Dia das Mães, Dia do Índio, da Independência… A professora ensaiava 3 a 4 números, apresentados à comunidade, nas dependências da Escola. Sempre a noite. Era um acontecimento!
Em 1983, sua família transferiu-se para Governador Valadares. Optou por ficar. Peçanha contava nesse momento histórico com uma faculdade, a UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos. Jamais imaginou que iria abraçar o magistério. Muito entusiasmado, atendeu ao convite inesperado da diretora do ginásio, Dona Quitéria, para lecionar geografia e história. Não largou mais o ofício.
Dedicou-se ao ensino por 34 anos, de 1983 a 2017. Formou pelo menos duas gerações de alunos nas cidades de Peçanha, Cantagalo, São João Evangelista e Guanhães, onde trabalhou em escolas estaduais e particulares.
Peçanha era considerado um polo importante, com ensino médio de ótima qualidade, o que atraia os jovens da região para aprimoração em seus estudos. Traziam renovação de hábitos, de comportamento. Nada era como antes: o modo de vestir, de falar. Traziam outro tipo de expressão. A beleza de quem vem de fora. Somados aos alunos nativos, tornavam-se turmas de excelência. Alguns deles são médicos e advogados, aqui mesmo, oferecendo assistência profissional de qualidade à nossa comunidade.
Sérgio explica como preparava o conteúdo didático. “Além de atender a grade curricular, acrescentei ao meu método de trabalho técnicas teatrais. Promovia jornada cultural criando dramaturgia com temas de interesse da juventude (liberdade, drogas) e, também, montagem de clássicos como A Menina e o Vento (infantil) e A Escrava Isaura. Preferiam os dramas e sempre tínhamos uma plateia de pelo menos 60 espectadores por apresentação. Utilizamos o Clube Cacique, o Cavaquinho e a Câmara Municipal. Visitamos várias cidades dos alunos que compunham os elencos. Esse método de trabalho, criticado no início, tinha ampla aceitação dos alunos e hoje vejo aplicação semelhante pelos novos docentes que atuam nas escolas. Amplia, alfabetiza aquele que chegou com formação muito deficitária, oferecendo-lhe pelo diálogo e validação de seu conhecimento prático anterior uma inserção social mais acolhedora e colaborativa.
No entanto, muitos alunos e alunas, igualmente brilhantes, oriundos da zona rural ou de classes sociais menos favorecidas, que não podiam frequentar as escolas particulares, interrompiam seus estudos. Motivos vários: necessidade de ajudar a família, uma gravidez inesperada, por vezes conflitos gerados por relações incestuosas e muito frequentemente a opção por migrar em busca de melhores condições de vida. Vários desses fatores contribuem para que as escolas não consigam acolher a diversidade de alunos oriundos de classes sociais tão diversas, promovendo também exclusão. Exclusão é uma praga social que está presente em todas as esferas do nosso país. Difícil de combater.
Sentindo o impacto das novas formas de absorção de informação, ele pontua: “As redes digitais contribuem para difundir iniciativas culturais e de interesse público em, praticamente, quase todos os lugares no mundo ocidental e, em nossa cidade, não é diferente. Acredito que sem as redes sociais uma sociedade se torna inexistente de conhecimentos, de participar de um mundo globalizado. Torna-se uma sociedade analfabeta.
Por um lado, é positiva a grande concorrência de canais de informação, entretenimento e jogos. Democratiza o conhecimento. O perigo é tornar-se consumidor, sem exercitar o senso crítico. Para isso não se tornar um problema e ser efetivamente contornado só vejo uma solução: a educação. A educação é suporte prá qualquer sociedade bem desenvolvida. Infelizmente, se não há educação, não existem diálogos, não há entendimento entre as pessoas”.
– A contribuição, mesmo individual, na difusão de ideias à comunidade, na ampliação do pensamento pode se dar através de palestras e apresentações teatrais. Já vi professores e diretores fazerem visitas à casa de bons alunos que desaparecem da escola e, após diálogo cuidadoso, conseguem reintegrá-los à dinâmica escolar com ótimos resultados. Acredito que esse tipo de contribuição pode ajudar e muito quando aliadas a iniciativas públicas, privadas ou mesmo ligadas a ações das igrejas.
No que concerne à atuação do poder público, ele diz:
– O atual prefeito, Fabrício Alvarenga, tem feito um ótimo trabalho no que se refere à saúde, saneamento básico e conservação de parte da arquitetura da nossa cidade. Na parte recreativa os “rodeios “com duração de três dias e bons cantores, quadrilhas de bairros e festas religiosas, como a do padroeiro Santo Antônio, tem despertado interesse crescente, promovendo vida social mais estimulante e abrindo portas ao turismo.
Para um professor, que dedicou parte considerável de sua vida a ensinar, eu pergunto: qual mensagem deixaria para os jovens?
– Estudar. Será sempre a nossa melhor arma num mundo tão concorrido, ele diz.
Respostas de 11
Excelente professor , fui aluna no ensino fundamental e médio, posteriormente na faculdade e ele sempre se destacava como o melhor professor pela forma leve que conduzia as aulas torndo-as prazerosas e era muito querido entre os alunos, depois viramos colegas de trabalho e amigos íntimos. Um ser incrível e ímpar hoje moro na Austrália e Sérgio é uma das minhas saudades diárias.
Que honra ver a trajetória desse professor maravilhoso, pessoa boníssima registrada com tanto cuidado. Um mestre silencioso, mas gigante, que fez da sala de aula um palco de possibilidades. Seu trabalho com teatro e educação sempre me inspirou. Ele não só ensinou geografia, ele mapeou caminhos de humanidade.
Com carinho,
Flor
Boa noite, fiz magistério em Peçanha… O Sérgio foi durante três anos, colega de sala.
Moro em Uberlândia há quase 41 anos. Sou fã de carteirinha do Sérgio… Muito inteligente, educado, acima de tudo humilde.
Estou encantada, com o Acervo ( 1891 à 1892)
Parabéns!
Um excelente mestre, culto, bondoso, inteligente, discreto, educado é dificil descrever com palavras quem é o Sérgio. Porque ainda que eu reunisse todos os adjetivos da língua portuguesa, ainda seria pouco para descrever seu caráter, integridade e genialidade.
Tenho boas lembranças. Pessoa excelente. Fui aluna do Sérgio na década de 80 .
Sergio Clemente é uma excelente pessoa e profissional. Tive a oportunidade de aprender com essa pessoa maravilhosa. Você merece todo reconhecimento. Te amo.
O professor Sérgio é um excelente profissional e ser humano. Tive o privilégio de trabalhar ao seu lado e aprendi muito com sua dedicação, sabedoria e generosidade.
Tive privilegio de ser sua aluna ótimo professor, dedicado, atencioso.
Excelente profissional e um grande amigo . Pela qual tenho muita gratidão. Te amo
Sérgio é, sem dúvidas, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Meu padrinho, segundo pai e amigo. Viu-me nascer, crescer e me ajudou a ser o homem que sou hoje. Sempre com um sorriso no rosto e uma piada sarcástica, ele alegra o dia de quem tem o prazer de conversar com ele. Um poço de humildade e de coração alegre. Deus te abençoe, Sérgio. Você é luz na minha vida e na dos seus alunos. Eu te amo, padrinho 😉
Boa noite !
Participei de um grupo de teatro com o Sérgio e o Guilherme Marques.
O Sérgio era o Diretor de nosso grupo de teatro.Pessoa inteligente educada e muito comprometido.
Saudade de você meu amigo.